sábado, 29 de setembro de 2007

Museu da Escrita do Sudoeste (Almodôvar)

Estela epigrafada com a escrita tartéssica

No Museu da Escrita do Sudoeste, em Almodôvar, poderemos ver em breve alguns dos mais importantes achados arqueológicos epigrafados com caracteres da Escrita do Sudoeste, com destaque para uma estela funerária, com uma das maiores inscrições, da escrita tartéssica, achada no sítio arqueológico de São Marcos da Serra, no concelho de Silves.
Trata-se sobretudo de estelas funerárias — colunas tumulares em pedra de xisto — nas quais os antigos faziam inscrições e eram colocadas ao alto nas sepulturas.
Foram descobertas até agora na Península Ibérica, 90 estelas epigrafadas com escrita tartéssica, das quais 75 em território português e uma parte deste espólio pode ser apreciada no Museu da Escrita do Sudoeste (inicialmente o museu vai contar com 20 estelas).
A Escrita do Sudoeste deverá ter surgido na Idade do Ferro, desenvolvida pelos tartessos (nome pelo qual os Gregos conheciam a primeira Civilização do Ocidente), nas actuais regiões da Andaluzia espanhola, Baixo Alentejo e Algarve, teve influências egípcias e fenícias e permanece indecifrável.

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Ciganos em Castro Verde - Fotografia por Renato Monteiro

As comunidades ciganas em Portugal. Fotografia de Renato Monteiro, guitarra do mago Pedro Jóia.

sábado, 22 de setembro de 2007

Anta da Fonte Coberta


A Anta da Fonte Coberta encontra-se implantada no centro de uma ampla planície, próxima de Vila Chã, concelho de Alijó, distrito de Vila Real.
A Anta da Fonte Coberta pertence ao grupo dos denominados "dólmens de vestíbulo" ou "dólmens de corredor curto ou de tipo vestibular", semelhantes a monumentos da região sul de Portugal (Alentejo) e pouco frequentes no Norte de Portugal e Galiza.
Monumento megalítico de câmara poligonal, com 7 esteios, e lage de cobertura. Na entrada, orientadas a Nascente, estão duas lages grandes fincadas e deitadas que formam um pequeno corredor.
Na face exterior da lage de cobertura existem algumas gavuras (covinhas), assim como no exterior de um dos esteios, associadas a um pequeno sulco, havendo referências a mais sulcos e depressões noutros esteios. No interior, no esteio ao lado esquerdo do esteio de cabeceira, existem ainda motivos pintados a vermelho.
A Anta da Fonte Coberta, um dos mais importantes dólmens do norte de Portugal foi classificado Monumento Nacional em 1910.

Castro do Pópulo



Também designado de Castro de S. Marcos ou da Touca Rota situa-se na freguesia do Pópulo, concelho de Alijó, distrito de Vila Real.

Trata-se de um povoado fortificado da Idade do Ferro, posteriormente romanizado.

Castro de média dimensão, constituído por duas linhas de muralha, em alguns locais com três metros de altura. Apresenta troços de muralha bem conservados, destacando-se o invulgar aparelho ciclópico.

A segunda linha de muralha delimita um espaço de maior amplitude, uma plataforma, com pequenos derrubes de pedras, possivelmente constituintes de estruturas habitacionais aqui existentes (foram detectados fragmentos cerâmicos típicos da Idade do Ferro). O interior é aplanado e protegido por dois torreões (afloramentos graníticos naturais), a Este e a Oeste.

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Mátria

ODE À PAZ

Pela verdade, pelo riso, pela luz, pela beleza,
Pelas aves que voam no olhar de uma criança,
Pela limpeza do vento, pelos actos de pureza,
Pela alegria, pelo vinho, pela música, pela dança,
pela branda melodia do rumor dos regatos,
Pelo fulgor do estio, pelo azul do claro dia,
Pelas flores que esmaltam os campos, pelo sossego, dos pastos,
Pela exactidão das rosas, pela Sabedoria,
Pelas pérolas que gotejam dos olhos dos amantes,
Pelos prodígios que são verdadeiros nos sonhos,
Pelo amor, pela liberdade, pelas coisas radiantes,
Pelos aromas maduros de suaves outonos,
Pela futura manhã dos grandes transparentes,
Pelas entranhas maternas e fecundas da terra,
Pelas lágrimas das mães a quem nuvens sangrentas
Arrebatam os filhos para a torpeza da guerra,
Eu te conjuro ó paz, eu te invoco ó benigna,
Ó Santa, ó talismã contra a indústria feroz,
Com tuas mãos que abatem as bandeiras da ira,
Com o teu esconjuro da bomba e do algoz,
Abre as portas da História, deixa passar a Vida!

Natália Correia,
O Sol nas Noites e o Luar nos Dias, II

"Tyson Scolari"

Scolari nega o evidente: Não agredi Dragutinovic, mas a imagens televisivas mostram o contrário. Scolari passa uma má imagem para o mundo do futebol, se tem mau perder e não tem fair-play, o melhor mesmo é sair. De dois inquéritos Scolari já não se livra, um da UEFA e outro da Federação Portuguesa de Futebol, e nós esperamos para ver as consequências. Portugal vê-se agora obrigado a vencer os 4 jogos que faltam no apuramento para o Euro-2008 .

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Batucada - Videoclip City of God

O realizador Fernando Meirelles acaba de publicar num blog o diário das filmagens do seu novo filme,«Blindness», baseado no livro Ensaio Sobre a Cegueira, de José Saramago.Filmado em diversas cidades do mundo, entre elas Toronto e São Paulo. O endereço do blog é blogdeblindness.blogspot.com.

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Quando eu era pequena...

Quando eu era pequena, passava às vezes pela praia um velho louco e vagabundo a quem chamavam o Búzio.
O Búzio era como um monumento manuelino: tudo nele lembrava coisas marítimas. A sua barba branca e ondulada era igual a uma onda de espuma. As grossas veias azuis das suas pernas eram iguais a cabos de navio. O seu corpo parecia um mastro e o seu andar era baloiçado como o andar dum marinheiro ou dum barco. Os seus olhos, como o próprio mar, ora eram azuis, ora cinzentos, ora verdes, e às vezes mesmo os vi roxos. E trazia sempre na mão direita duas conchas (...)
O Búzio aparecia ao longe. Via-se crescer dos confins dos areais e das estradas. Primeiro julgava-se que fosse uma árvore ou um penedo distante. Mas, quando se aproximava, via-se que era o Búzio.
Na mão esquerda trazia um grande pau que lhe servia de bordão e era apoio nas longas caminhadas e sua defesa contra os cães raivosos das quintas. A este pau estava atado um saco de pano, dentro do qual ele guardava os bocados secos do pão que lhe davam e os tostões. O saco era de chita remendada e tão desbotada pelo sol que quase se tornara branca.
O Búzio chegava de dia, rodeado de luz e de vento e, dois passos à sua frente, vinha o seu cão, que era velho, esbranquiçado e sujo, com o pêlo grosso, encaracolado e comprido e o focinho preto.
E pelas ruas fora vinha o Búzio com o sol na cara e as sombras trémulas das folhas dos plátanos nas mãos.
Parava em frente duma porta e entoava a sua longa melopeia ritmada pelo tocar das suas castanholas de conchas.
Abria-se a porta e aparecia uma criada de avental branco que lhe estendia um pedaço de pão e lhe dizia:
_ Vai-te embora, Búzio.
Mello Breyner Andresen, Sophia, Contos Exemplares, 6.ª edição, pp. 141 a 143

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Ribeira da Atalaia: vestígios do Paleolítico com 300 mil anos

Uma equipa de arqueólogos de vários países identificaram no sítio da Ribeira da Atalaia (afluente do Tejo), Vila Nova da Barquinha, o que podem ser os mais antigos vestígios de ocupações do Paleolítico Inferior em Portugal.

A escavação, realizada este ano pela equipa internacional envolvida, desde 1999, no projecto Tempoar, "Território, Mobilidade e Povoamento do Alto Ribatejo", visa estudar o comportamento dos seres humanos que ocuparam o vale do Tejo na Pré-História e compreender como ocuparam o território, bem como a sua capacidade em gerir os seus recursos e a tecnologia utilizada.

Testes de luminescência (método que dá-nos a última vez que o vestígio esteve exposto ao sol) , utilizados para a datação absoluta dos vestígios , comprovam presença humana no território. Nos diversos estratos foram encontrados vestígios de ocupação ocupação continua desde o homem de Neandertal (300.000 anos) ao homem Sapiens Sapiens (24 mil anos).

Além dos utensílios feitos de seixos lascados, encontraram uma fogueira do Paleolítico Superior, com seixos rolados queimados e alguns estalados pelo fogo e a zona circular delimitada por terra queimada. “Já foram descobertas várias estruturas de combustão no nosso país mas noutro tipo de contextos, em abrigos ou grutas. Esta é ao ar livre e num terraço fluvial, daí a sua singularidade” (Sara Cura, arqueóloga)

Trova do vento que passa

Pergunto ao vento que passa
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça
o vento nada me diz.

Pergunto aos rios que levam
tanto sonho à flor das águas
e os rios não me sossegam
levam sonhos deixam mágoas.

Levam sonhos deixam mágoas
ai rios do meu país
minha pátria à flor das águas
para onde vais? Ninguém diz.

Se o verde trevo desfolhas
pede notícias e diz
ao trevo de quatro folhas
que morro por meu país.

Pergunto à gente que passa
por que vai de olhos no chão.
Silêncio -- é tudo o que tem
quem vive na servidão.

Vi florir os verdes ramos
direitos e ao céu voltados.
E a quem gosta de ter amos
vi sempre os ombros curvados.

E o vento não me diz nada
ninguém diz nada de novo.
Vi minha pátria pregada
nos braços em cruz do povo.

Vi minha pátria na margem
dos rios que vão pró mar
como quem ama a viagem
mas tem sempre de ficar.

Vi navios a partir
(minha pátria à flor das águas)
vi minha pátria florir
(verdes folhas verdes mágoas).

Há quem te queira ignorada
e fale pátria em teu nome.
Eu vi-te crucificada
nos braços negros da fome.

E o vento não me diz nada
só o silêncio persiste.
Vi minha pátria parada
à beira de um rio triste.

Ninguém diz nada de novo
se notícias vou pedindo
nas mãos vazias do povo
vi minha pátria florindo.

E a noite cresce por dentro
dos homens do meu país.
Peço notícias ao vento
e o vento nada me diz.

Quatro folhas tem o trevo
liberdade quatro sílabas.
Não sabem ler é verdade
aqueles pra quem eu escrevo.

Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.

Mesmo na noite mais triste
em tempo de sevidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.

Música: António Portugal
Letra: Manuel Alegre
Intérprete: Adriano Correia de Oliveira
In: trova ao vento que passa(1963);

domingo, 2 de setembro de 2007

"O espírito esboça, mas é o coração que modela".

Auguste Rodin - Danaid, 1885-89

Cidades, Vilas e Aldeias de Portugal

A formação e desenvolvimento das povoações e seus grupos sociais, as raízes históricas e a análise tipológica da região em que se inserem, são temáticas presentes neste conjunto de estudos. Os trabalhos monográficos agrupados neste 1.º volume revestem-se de alto interesse para o aprofundamento da história regional, elemento indispensável ao melhor entendimento da vida multissecular da nação portuguesa.
Índice da obra:
Apresentação;
Uma visitação às terras da Ordem Militar de Avis em 1580;
A conquista de Sesimbra em 1165;
Da carta de foro de D. Sancho I ao foral de D. Manuel;
Contributo para o conhecimento do processo histórico de Sesimbra;
A vila de Alcácer do Sal no século XV;
A integração da Covilhã no património do Infante D. Henrique
Um problema histórico,
Leiria no tempo de D. João III;
Do burgo medieval à cidade-diocese;
Buarcos, Tavarede e Redondos - três povoações no processo histórico de uma cidade: Figueira da Foz;
De Punhete a Constância. Percurso histórico;
S. Cristóvão - uma aldeia alentejana.
Apontamentos para a sua história
Bragança: da vila de fronteira à capital de província;
Notas para uma monografia de Bragança, séculos XII-XVII.

Madeira

Madeira. Ponta de S. Lourenço. 1947.
Formas de relevo litoral.
Arribas vigorosas e escolhos. Foto: Orlando Ribeiro

Madeira. Paúl do Mar. 1947. Preparando cordas para as redes. Foto: Orlando Ribeiro

“A Madeira, com o vigor do relevo, com a gente branca, o ambiente provinciano das povoações, uma elegante cidade que era a terceira da Metrópole, os frutos exóticos no aroma, no sabor e na forma, misturando-se a outros que nos são familiares, com pinheiros, macieiras, castanheiros e casas e barracas disseminadas pelo campo, causaram uma das minhas mais profundas impressões de nóvel geógrafo.”
(Ribeiro, Orlando. Prefácio de A Ilha da Madeira até Meados do Século XX, 1985, p. 9)

Queixa das almas jovens censuradas

Dão-nos um lírio e um canivete
e uma alma para ir à escola
mais um letreiro que promete
raízes, hastes e corola

Dão-nos um mapa imaginário
que tem a forma de uma cidade
mais um relógio e um calendário
onde não vem a nossa idade

Dão-nos a honra de manequim
para dar corda à nossa ausência.
Dão-nos um prémio de ser assim
sem pecado e sem inocência

Dão-nos um barco e um chapéu
para tirarmos o retrato
Dão-nos bilhetes para o céu
levado à cena num teatro

Penteiam-nos os crâneos ermos
com as cabeleiras das avós
para jamais nos parecermos
connosco quando estamos sós

Dão-nos um bolo que é a história
da nossa historia sem enredo
e não nos soa na memória
outra palavra que o medo

Temos fantasmas tão educados
que adormecemos no seu ombro
somos vazios despovoados
de personagens de assombro

Dão-nos a capa do evangelho
e um pacote de tabaco
dão-nos um pente e um espelho
pra pentearmos um macaco

Dão-nos um cravo preso à cabeça
e uma cabeça presa à cintura
para que o corpo não pareça
a forma da alma que o procura

Dão-nos um esquife feito de ferro
com embutidos de diamante
para organizar já o enterro
do nosso corpo mais adiante

Dão-nos um nome e um jornal
um avião e um violino
mas não nos dão o animal

que espeta os cornos no destino
Dão-nos marujos de papelão
com carimbo no passaporte
por isso a nossa dimensão
não é a vida, nem é a morte

Intérprete: José Mário Branco
Música: José Mário Branco
Letra: Natália Correia

O sono na primeira infância e o rendimento escolar

Um estudo realizado no Canadá sobre o desenvolvimento de padrões de sono na infância foi desenvolvido por Jacques Montplaisir, do Centro de Doenças do Sono do Hospital do Sacré-Coeur de Montreal, e é publicada na edição de Setembro do jornal «Sleep», da Academia Norte-Americana de Medicina do Sono.
Jacques Montplaisir acompanhou a evolução anual dos padrões de sono dos cinco meses aos seis anos de idade de 1.492 crianças. Foram identificados no estudo quatro grupos, relativamente ao tempo de duração do sono:
i) o grupo dos que dormem «persistentemente pouco» (seis por cento das crianças estudadas) é composto por crianças que dormem menos de 10 horas por noite até à idade de seis anos;
ii) os que «dormem pouco mas progressivamente mais» (4,8 por cento) integra crianças que dormem poucas horas no princípio da infância, mas que começam a dormir mais horas cerca dos 41 meses de idade (cerca dos três anos e meio);
iii) o grupo dos «constantes nas 10 horas» (50,3 por cento), constituído pelas crianças que dormiram sempre aproximadamente 10 horas por noite;
iv) os «constantes nas 11 horas» (38,9 por cento), totalizado pelas crianças que dormiram aproximadamente sempre 11 horas por noite.
Resultados obtidos nos testes:
Grupo i) os resultados de testes de competência em vocabulário realizados às crianças, resultou que os que tinham um sono de curta duração tinham multiplicado por 3,1 o risco de baixo desempenho (teste de vocabulário "Peabody Picture Vocabulary Test-Revised");
Grupo ii) foi observado um baixo desempenho no subteste "Block Design", que testa capacidades visuais, espaciais e motoras. Embora a duração do sono destas crianças melhore aos três anos de idade, o risco de obter baixa pontuação no "Block Design" aos seis anos de idade permanecia 2,4 vezes mais alto quando comparados com as crianças com padrões normais de sono.
Os resultados demonstram também um relacionamento significativo entre a falta de sono e contagens elevadas de Hiperactividade e Impulsividade aos seis anos de idade (3,2 mais alto para as crianças do grupo ii).
O estudo conclui que a falta de sono nocturno pode afectar o desempenho cognitivo e o comportamento da criança na escola, mesmo que os padrões de sono se normalizem, e realça a necessidade de uma criança dormir pelo menos 10 horas por noite, especialmente até aos três anos e meio/quatro.